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General responde: O problema de utilizar o Exército em combates internos

por Jefferson S Publicado em 29/10/2023
General responde: O problema de utilizar o Exército em combates internos

Em fala ao podcast “Fala Glauber”, o General da Reserva, Ridauto, que tem cursos de Comandos e Forças Especiais, discutiu a intervenção do Exército Brasileiro no combate ao tráfico de drogas e operações internas de GLO. Suas declarações abordam os desafios e considerações envolvidos nessa decisão.

O General da Reserva começou sua explanação com uma perspectiva sobre o emprego das Forças Armadas em operações internas:

“Quando você decide empregar a sua força armada preponderantemente em ambiente interno para resolver problemas internos, claro que você está, vamos dizer assim, tirando o elemento que em tese poderia ser empregado na defesa do Entorno.

Mas amigo, convenhamos, se você tá acompanhando o ambiente externo, se você tá acompanhando o entorno, não tem ameaças de curto prazo detectadas, não tem ameaça visível, aquela tropa que você vai voltar para dentro ela pode ser rapidamente voltada para fora de novo em questão de horas, de poucos dias.”

Após isso, Ridauto enfatizou a diferença na preparação dos militares para a guerra em comparação com operações de segurança interna:

“Quando você diz para ele [o Soldado] que ele vai entrar em guerra contra um inimigo, você fala para ele assim: quando o inimigo vier, você aponte para uma área vital do corpo dele e dê dois disparos. Então você vai dar dois tiros na área vital do inimigo, que geralmente é o miolo do tronco dele ou a cabeça.

Isso é o que você ensina para o soldado, você condiciona o soldado a esse reflexo, a dar dois disparos numa área vital do oponente que tá vindo na direção dele. Isso é a preparação para guerra, porque em guerra, se ele não fizer isso, ele morre.”

No entanto, ele também aborda os desafios de adaptar esse treinamento para operações internas:

“Só que de uma hora para outra, você chega para ele e fala assim: amigão, agora eu vou usar você, então agora, como o seu oponente não é mais o inimigo, como ele é um cidadão brasileiro, você não pode dar dois tiros no peito dele.

Você tem que dar primeiro uma ordem de alerta para ele não se aproxime, aí você dá um tiro para cima com cuidado para não acertar em um lugar distante, e só então você dá um tiro na direção dele numa área não vital do corpo, tente acertar as pernas, um braço, de maneira apenas a fazer com que ele pare de vir na sua direção.”

As falas do General Ridauto no podcast oferecem uma visão equilibrada e informada sobre o papel do Exército no combate ao tráfico. Enquanto o General reconhece os desafios e riscos associados, ele também destaca a importância de manter as Forças Armadas focadas em sua missão principal de defesa da pátria contra ameaças externas.

O debate sobre o papel do Exército em operações internas não é novo. No entanto, com as crescentes preocupações sobre o tráfico de drogas e a segurança pública, a discussão ganhou novo ímpeto. A perspectiva do General da Reserva Ridauto, com sua vasta experiência e conhecimento, é uma contribuição valiosa para este debate.

Em conclusão, a entrevista destaca a necessidade de uma abordagem equilibrada e informada ao considerar o papel do Exército em operações internas. Enquanto as Forças Armadas têm a capacidade e a flexibilidade para atender às necessidades do país, é essencial considerar os desafios e riscos associados ao emprego do Exército em operações de segurança interna.

Assista aqui o Podcast completo. 

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Jefferson S

Jefferson S

Ex-militar das Forças Armadas com experiência em Gestão do Conhecimento e Inteligência Competitiva (Sebrae-RJ) e certificado como especialista de investimentos pela ANCORD, tendo atuado nos maiores escritórios da XP investimentos. Analiso e produzo conteúdos para a internet desde 2025, meu primeiro blog foi o "bizu de militar", onde passava dicas para os recrutas no Exército. Atuo na Sociedade Militar trazendo análises e conteúdos relacionados a Geopolítica, Tecnologia militar, Industria de Defesa e Inteligência Artificial.