O projeto de construção da usina nuclear Atucha III na Argentina, financiado em grande parte pela China, está gerando preocupações no Comando Sul dos Estados Unidos pela crescente influência chinesa na região. A Diálogo, que é uma revista militar digital publicada pelo SOUTHCOM, publicou um artigo alertando para este fato.

Detalhes do Projeto:

• Nome: Atucha III
• Tipo: Quarta usina nuclear da Argentina
• Localização: Complexo Nuclear Atucha, Lima, província de Buenos Aires
• Investimento: US$ 8,3 bilhões, com grande parte de origem chinesa

O projeto de construção de Atucha III busca financiamento da China, levantando questões sobre a crescente influência do país asiático na região. Especialistas alertam que o financiamento da usina com capital chinês pode colocar a Argentina em uma situação econômica vulnerável.

Juan Belikow, professor de Relações Internacionais da Universidade de Buenos Aires, expressou preocupações sobre a abordagem da China ao financiamento. Ele mencionou que a China frequentemente financia projetos megalomaníacos, que são economicamente insustentáveis e comercialmente inviáveis, aumentando a probabilidade de inadimplência.

A Armadilha da Dívida Chinesa:

• O que é: A China oferece empréstimos substanciais a países em desenvolvimento. Se esses países não conseguem pagar a dívida, a China pode adquirir ativos e matérias-primas, tornando-os dependentes.
• Exemplos: Muitos países da Ásia, África e América Latina têm empréstimos significativos da China.
• Consequências: Dependência econômica, perda de ativos nacionais e potencial comprometimento da soberania.

Comparação com o FMI:

Desde o final da Segunda Guerra Mundial, países em dificuldades financeiras buscaram assistência do Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, nos últimos anos, a China emergiu como uma alternativa ao FMI, oferecendo empréstimos emergenciais a países endividados, muitas vezes com taxas de juros mais altas.

Dados Relevantes:

• Mais de 20 países devedores receberam US$ 240 bilhões em empréstimos de resgate chineses desde 2000.
• Nos últimos cinco anos (2016-2021), a China concedeu mais de US$ 185 bilhões em empréstimos.
• A China cobra taxas de juros de cerca de 5% para empréstimos de emergência, em comparação com os 2% do FMI.

O financiamento do projeto nuclear Atucha III pela China é uma indicação da crescente influência chinesa na América Latina. Enquanto a Argentina e outros países podem se beneficiar do financiamento chinês no curto prazo, as implicações econômicas e políticas a longo prazo são motivo de preocupação. A situação destaca a necessidade de uma análise cuidadosa dos acordos de financiamento e das relações internacionais.

Fonte: Diálogo Américas