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Não, a NASA não contratou teólogos para estudar reação à vida alienígena; Fact Check

por Rafael Cavacchini Publicado em 21/09/2023
Não, a NASA não contratou teólogos para estudar reação à vida alienígena; Fact Check

Na terça-feira, dia 19 de setembro, estiveram para um batepapo no canal Inteligência Ltda os youtubers Daniel Mastral e Pyong Lee. Durante a entrevista, após uma pergunta de um espectador, Daniel Mastral afirmou que a NASA teria contatado teólogos para conversar sobre OVNIs. “A NASA, inclusive, saiu uma notícia que chamou teólogos para debater o fenômeno UFO”, diz Mastral. Na sequência, o youtuber ainda questiona: “Por que que não chama ufólogos ou cientistas, mas teólogos?”

Daniel Mastral e Pyong Lee no Inteligência Ltda, um dos maiores (e melhores) canais de PODCAST do Brasil. Foto: Reprodução / Youtube

A alegação não é exatamente verdade, conforme apurou a agência de notícias Associated Press. De fato, a NASA não contratou nenhum teólogo para conversar sobre OVNIs ou o fenômeno UFO. O caso é que, em 2015, a NASA forneceu financiamento ao Centro de Investigação Teológica em Princeton, Nova Jersey, para um programa que estuda o potencial impacto social de encontrar vida fora da Terra.

A parte do programa financiada pela NASA, no entanto, terminou em 2017.

Os fatos

No ano passado, usuários da mais diversas redes sociais compartilharam a alegação de que a NASA teria contratado recentemente 24 teólogos para realizar pesquisas. Alguns internautas especularam que a ideia seria o prenúncio de um caos que ainda está por vir.

Na verdade, embora o programa de astrobiologia da agência tenha concedido, sim, dinheiro ao Centro de Investigação Teológica, frequentemente referido como CTI, a NASA não esteve envolvida na seleção dos pesquisadores. Os bolsistas trabalhavam de forma independente no centro e não eram considerados funcionários da agência espacial americana.

O programa SETI, sigla em inglês para Search for Extraterrestrial Intelligence, ou Busca por Inteligência Extraterrestre, é um projeto real que tem por objetivo a constante busca por vida inteligente no espaço. Foto: Divulgação

Além disso, as partes da pesquisa para “avaliar as implicações sociais para os esforços astrobiológicos e de busca de vida da NASA” financiadas pela NASA encerraram há seis anos. O programa também foi financiado em parte pela Fundação John Templeton.

“Os indivíduos que recebem financiamento da NASA não são funcionários, conselheiros ou porta-vozes da agência”, disse o porta-voz da NASA à Associated Press. “Assim, os pesquisadores e acadêmicos envolvidos neste estudo não foram contratados pela NASA, mas receberam financiamento do CTI para conduzir este trabalho.”

O que diz o CTI

William Storrar, diretor do CTI, disse à AP que o objetivo do programa não era aconselhar a NASA, mas sim, reunir estudiosos da área de humanas para discutir pesquisas em astrobiologia. Esse campocientífico que estuda o potencial do universo para abrigar vida fora da Terra.

“Essas reflexões acadêmicas sobre as implicações sociais da astrobiologia estão sendo publicadas em uma série de monografias individuais e artigos de periódicos acadêmicos revisados ​​por pares por teólogos, estudiosos da religião, filósofos e estudiosos da literatura que participaram de nosso programa de pesquisa para acadêmicos visitantes no Centro de Investigação Teológica”, escreveu Storrar por e-mail.

Além disso, o assunto também não é exatamente novo para a NASA. De fato, o porta-voz da agência acrescentou que a NASA tem procurado abordar tópicos semelhantes, incluindo o “potencial impacto social de encontrar vida fora da Terra”, desde 1998.


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Fonte: Associated Press / Fundação John Templeton / Inteligência Ltda

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.