Em abril deste ano, o recém-empossado Chefe do Estado-Maior do Exército, segundo cargo mais importante na instituição, deu recomendações consideradas graves aos novos generais promovidos. Essas recomendações repercutiram muito na internet e uma delas falava especificamente sobre os recursos orçamentários disponíveis pelo Exército. 

Segundo o general em suas palavras, os recursos orçamentários disponibilizados eram escassos e a força teria que fazer cada centavo se transformar em poder de combate. Em entrevista a outros portais de notícias, o Chefe do EME disse que a Defesa não era um assunto muito importante no Brasil. 

O próprio Comandante do Exército, General Tomás Paiva, realizou uma apresentação no Senado e nas descrições do arquivo da apresentação dizia que o Brasil tem crescentes desafios na área de defesa e permanece desaparelhado e dependente de tecnologias externas. 

Agora, em agosto, o governo federal anunciou um mega investimento nas Forças Armadas, veja a seguir:

O Governo Federal planeja investir 52,8 bilhões de reais (US$ 10,6 bilhões) em pesquisa científica, desenvolvimento e aquisição de equipamentos para as Forças Armadas (Exército, Marinha, Aeronáutica). 

Esse valor todo em investimentos inclui quase dobrar o tamanho da frota da Força Aérea Brasileira e financiar projetos da fabricante de aeronaves Embraer para aviões de reabastecimento aéreo, de acordo com anúncio feito pelo governo no início deste mês. 

A medida que foi revelada em 11 de agosto faz parte do novo PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) instituído pelo presidente Lula. 

A Defesa é uma área chave de foco neste novo PAC. 

A publicação no site Gov.br sobre o novo PAC e o direcionamento dos recursos para as Forças Armadas, diz o seguinte:

Equipar as Forças Armadas com tecnologias de ponta, aumentar a capacidade de defesa nacional e de monitoramento das fronteiras são algumas das diretrizes do Novo PAC.

Os projetos apoiados pelo programa vão realizar investimentos em pesquisa e desenvolvimento, apoiar ações de comando e controle de desmatamento, gerar empregos e fomentar a neoindustrialização, por meio do desenvolvimento da Cadeia Produtiva e da Tecnologia Nacional ou do chamado Complexo Industrial de Defesa.

Os investimentos do Novo PAC serão direcionados a equipamentos aéreos, navais, terrestres e a sistemas integradores. Entre eles, estão a aquisição de aeronaves cargueiro, caças Gripen, helicópteros leves e de médio porte, construção de submarinos e navios-patrulha, viaturas blindadas, e implantação de sistemas de controle de faixa de fronteira.

O Brasil pretende investir 27,8 bilhões de reais até 2026, e mais 25 bilhões de reais após esse período, sem prazo específico.

Este programa não precisa de aprovação do poder legislativo, pois é um programa de investimentos federais financiado com recursos do governo, contribuições estaduais e do setor privado por meio de concessões. 

Porém existem alguns obstáculos. Segundo Cristiano Noronha, vice-presidente da Arko Advice, consultoria especializada em inteligência e análise política, processos burocráticos e insegurança jurídica para obras públicas são um desafio. 

“O Executivo fez cortes orçamentários com frequência ao longo dos anos. Os investimentos dependerão da capacidade fiscal do governo, do controle de gastos e do crescimento econômico”, disse ele, acrescentando que o programa pode ser visto como uma “expressão de intenção”, disse Cristiano para o DefenseNews. 

Para a FAB, o plano envolve a produção e aquisição de 34 caças F-39 Gripen, o que quase dobraria a frota do país. O Brasil assinou um contrato de US$ 5,04 bilhões com a fabricante sueca Saab em 2014 para a compra de 36 caças Gripen, com entrega até 2027. Em 2022, os signatários adicionaram mais quatro lutadores ao contrato.