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Especial: os planos secretos dos Estados Unidos para lançar uma terceira bomba atômica no Japão

por Rafael Cavacchini Publicado em 13/06/2023
Especial: os planos secretos dos Estados Unidos para lançar uma terceira bomba atômica no Japão

A guerra mudou para sempre no longínquo verão de 1945, quando os Estados Unidos detonaram as primeiras bombas atômicas da história. A primeira havia sido testada no deserto do Novo México. Outras duas ainda seriam lançadas, que devastariam as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A partir daquele momento, o mundo sabia que cidades inteiras e suas populações podiam ser exterminadas com um único ataque.

Modelo da bomba atômica nuclear Little Boy lançada em Hiroshima, em agosto de 1945. Foto: Departamento de Defesa dos Estados Unidos

Uma das afirmações mais persistentes sobre o fim da Segunda Guerra Mundial é que os Estados Unidos não tinham mais bombas atômicas após o segundo ataque. Alguns acreditam que o presidente americano Harry Truman estava blefando quando prometeu lançar mais bombas sobre o Japão se o país não se rendesse incondicionalmente.

Contudo, a caso é que Harry Truman estava mesmo falando a verdade.

Planos para uma terceira bomba

Nos últimos meses da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos estavam tentando produzir o máximo de bombas atômicas que podiam. Poucas horas antes de saber da rendição final do Japão, no dia 14 de agosto de 1945, Truman disse com pesar a um diplomata britânico que “não tinha alternativa”. Harry Truman lamentava na ocasião que teria que dar a ordem para um terceiro ataque com bomba atômica.

Se a Segunda Guerra Mundial tivesse durado mais alguns dias, as chances de uma terceira bomba, e talvez várias outras seriam muito altas.

A enorme bomba de plutônio “Fat Man”. Os Estados Unidos lançaram essa bomba na cidade japonesa de Nagasaki no dia 9 de agosto de 1945. Foto: Arquivo do Governo dos Estados Unidos

O Japão até ofereceu a rendição após os ataques com as duas primeiras bombas, mas impôs condições para render-se. Para Truman e seu gabinete, no entanto, isso não era o suficiente. Apenas a rendição incondicional serviria. Vários dias de espera se seguiram. A especulação na imprensa e nas forças armadas americanas era desenfreada onde mais bombas atômicas seriam lançadas.

O próximo alvo

Em 14 de agosto, o General Carl Spaatz, comandante das Forças Estratégicas Aéreas do Pacífico, escolheu Tóquio como próximo alvo. O general teria recomendado com “a maior urgência” que enviassem a terceira bomba atômica para ser lançada contra a cidade. No entanto, seu gabinete foi informado de que a decisão ainda estava pendente. A decisão final sobre o uso de outra bomba atômica seria tomada no dia seguinte.

Hiroshima antes e depois do lançamento da bomba atômica. Devastação é total. Foto: Arquivo do Governo dos Estados Unidos

Naquele mesmo dia, Truman “comentou com tristeza” que, como os japoneses pareciam não querer se render incondicionalmente, “não tinha alternativa a não ser ordenar que uma bomba atômica fosse lançada sobre Tóquio”. Com efeito, se ele fizesse o pedido, a operação teria ocorrido em alguns dias.

O Fim da Guerra

Mas, felizmente, não chegou a esse ponto. Pouco depois de Truman conversar com o embaixador britânico, ainda no dia 14 de agosto de 1945, o Japão anunciou sua rendição incondicional. Os historiadores ainda discutem hoje sobre o que exatamente causou a mudança de opinião dos líderes japoneses, já que haviam muitos fatores envolvidos. Ao mesmo tempo que os americanos bombardeavam o Japão, a União Soviética iniciou sua ofensiva contra o país.

Contudo, a terceira bomba, e as outras que se seguiram, eram uma parte real da estratégia americana para acabar com a Segunda Guerra Mundial. Embora esperançosos de que as armas nucleares pudessem acabar com a guerra, os oficiais americanos não esperavam que a rendição acontecesse imediatamente. Sinais indicavam que mais armas atômicas eram necessárias.

Se a guerra tivesse continuado, muito provavelmente teriam sido usadas mais bombas atômicas.


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Fontes: National Geographic / Arquivos do Governo dos Estados Unidos / Departamento de Defesa Americano

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.