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Ministro da Defesa diz que acampamentos eram democráticos até o dia 8 de Janeiro.

por Rafael Cavacchini Publicado em 19/05/2023
Ministro da Defesa diz que acampamentos eram democráticos até o dia 8 de Janeiro.

Em discurso à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, José Múcio rebateu críticas dos deputados. Na ocasião, defendeu os gastos com defesa, alegando que os gastos e investimentos com as Forças Armadas não seria necessariamente somente para funções relacionadas à combate, mas também a investimento em tecnologia, educação e geração de emprego. 

“O Brasil não quer submarino nuclear para fins bélicos”, disse José Múcio à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Foto: Reprodução / Câmara dos Deputados

José Múcio também falou sobre os eventos do dia 8 de janeiro. “Eu disse que os acampamentos eram democráticos porque a manifestação da Justiça era de mantê-los, só depois do dia 8 de Janeiro é que a Justiça mandou tirar”, declarou o Ministro da Defesa aos deputados. “O fato de eu dizer que eram democratas era porque eu era um negociador, eu tinha que ir lá conversar”, declarou sobre o assunto.

Investimentos em Defesa

Múcio também falou sobre investimentos na Defesa e rebateu críticas sobre a construção do submarino nuclear brasileiro, que se arrasta por décadas.

“O Brasil não quer submarino nuclear para fins bélicos”, declarou o Ministro de Defesa. “É uma forma da Marinha dedicar seus esforços, seus contingentes, a fazer uma pesquisa que serve à sociedade.” José Múcio sugeriu que é preciso investir nas Forças Armadas por questões que vão muito além da segurança das fronteiras. A pesquisa nuclear, disse Múcio, auxiliaria em muitas outras áreas, inclusive, na área de medicina. “Não estamos pensando em fazer submarino nuclear para brigar, nem nada. […] Um submarino sendo fabricado são 6 mil empregos.” O Ministro enfatizou que o investimento do Brasil em defesa é baixo com relação ao PIB, sendo muito aquém dos países vizinhos.

“As forças armadas investem muito em pesquisa. Não temos armas apenas em combate. Temos armas pra acudir as pessoas, pra ajudar as pessoas. O trabalho das Forças Armadas é muito pouco conhecido pela sociedade.”, disse, sobre as diferentes funções das Forças Armadas. “É preciso ser dito. O Exército o que faz, a Aeronáutica o que faz, a Marinha o que faz.”, enfatizou.

José Múcio não poupou elogios aos militares. “Esses homens são muito mais meritosos do que a sociedade pensa. E que nós políticos, eu me incluo, pensávamos.”, disse. “Serviu um governo até o dia 31, serve outro governo do dia 1 pra cá, mas em primeiro lugar, serve ao estado brasileiro.”

O Ministro da Defesa também elogiou a Indústria de Defesa brasileira por sua capacidade de gerar empregos, dizendo se tratar de “uma indústria muito forte”.

Sobre o resultado das Urnas

José Múcio falou sobre o resultado das urnas nas últimas eleições. “O resultado das urnas foram claros: elegeram presidente de esquerda, deputado de direita, senador de esquerda… Eu não sei que programa de computador escolhe, aqui é de direita, aqui é de esquerda, mas foi o resultado das urnas.” 

O Ministro também falou sobre a polarização em que se encontra o país. “Eu acho que nós precisamos é nos juntar. Somos pobres e temos problemas no passado.”, se referindo a frase de Millôr Fernandes, que diz “temos um enorme passado pela frente”. “Um país com 10 milhões de desempregados, é a população de Portugal.”, prosseguiu José Múcio. “33 milhões de pessoas com insegurança alimentar, é a População da Polônia. Esse é que são os grandes inimigos”, pontuou.

Sobre a lealdade das Forças Armadas, José Múcio comentou que “as Forças Armadas brasileiras prestam continência ao cargo, não ao cidadão”. “Não é à mim [que se presta continência], é à função que estou exercendo. Se eu for demitido pelo telefone, na saída não terei essas homenagens. A homenagem pertence ao cargo.”, concluiu sobre o tema.

Logo após a fala do Ministro da Defesa, o General Tomás também falou aos deputados. Em um discurso rápido, respondeu aos políticos presentes sobre as acusações de corrupção dentro das Forças Armadas “As Forças Armadas Brasileiras não estão corrompidas. As Forças Armadas Brasileiras cumprem seu dever constitucional.”, declarou.

Almirante Sampaio Olsen também falou aos deputados

O comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, também rebateu as críticas sobre o investimento no submarino nuclear brasileiro. “Quanto ao submarino nuclear”, disse “o Brasil é um país vocacionado ao uso de Energia Nuclear. O Brasil é um país que projeta e constrói reatores modulares de pequeno porte.”, declarou, enfatizando a importância da pesquisa nuclear no país.

O Almirante disse que o investimento no submarino não foi decidido somente entre os militares, tendo sido aprovado inclusive pela própria câmara dos deputados, na época do lançamento do projeto. “O Submarino Nuclear não é um capricho da Força. […] Temos benefício na medicina, temos um projeto de um reator multipropósito, para fabricação de rádiofármacos, que aumenta a capacidade do SUS de diagnóstico e tratamento de câncer.”

Sampaio Olsen também disse que o investimento em uma tecnologia de ponta como essa coloca o país na vanguarda tecnológica mundial. “Um submarino de propulsão nuclear se insere dentro de um contexto de um país que detém as competencias e os recursos pra isso. Por que não fazer?[…] É uma tecnologia dominada por muito poucos. Em termos de inovação tecnológica, é exponencial o valor que agrega um submarino com propulsão nuclear.”, concluiu sobre o assunto.

Sampaio Olsen defendeu também que se valorize mais os investimentos em tecnologia e inovação das Forças Armadas. “Os projetos de defesa são projetos caros. São projetos de alto risco.”, declarou. “Em relação a base industrial de defesa, é importantissimo que se promova um ambiente favoravel. O mercado de defesa nao é um mercado comum. Ele tem suas particularidades.” 

 

 

Rafael Cavacchini

Rafael Cavacchini

Nascido na cidade de Itu, interior de São Paulo, Rafael Cavacchini é empresário, radialista, jornalista e ator. Apaixonado por arte, é ator de teatros desde 2013, participando em peças que vão de tragédias clássicas a musicais. É também radialista no programa “A Kombi Desgovernada”, sucesso em três estações de rádio desde 2015. Começou a escrever muito cedo, inicialmente por hobby. Mas foi apenas em 2011 que transformou o prazer em profissão, quando entrou para o quadro de jornalistas convidados da Revista SuplementAção. Em 2015, tornou-se colunista no Portal Itu.com.br e, no mesmo ano, jornalista convidado da Revista Endorfina. Foi escritor e tradutor do Partner Program do site Quora, uma rede social de perguntas e respostas e um mercado de conhecimento online, com sede em Mountain View, Califórnia. Sua visibilidade no Quora chamou a atenção da equipe da Revista Sociedade Militar. Faz parte do quadro da RSM desde fevereiro de 2023, tendo escrito centenas de artigos e reportagens.